quinta-feira, 9 de agosto de 2007

pret-à-porter

truculência marfinizada. era assim que ele agia, como se fosse um troglodita com curso de etiqueta. se preciso fosse, espancar. mas nunca sem antes tentar convencer da necessidade propriamente dita do uso da violência. como naquele samba do paulinho, deixava a marca dos dentes alheios no braço ou onde fosse para caso o queixoso ou queixosa fosse reclamar ao representante da lei sobre a surra recebida. não era por nada que ele usava aquela camiseta onde não estava escrito eu te amo, mas sim "orientador". claro estava que era apenas um eufemismo para o bom e surrado (e mais explicativo) termo leão-de-chácara, embora ele sequer tivesse a mais remota noção do que fosse ou viesse a ser um eufemismo. se algum dia ele tivesse ouvido essa palavra, a seus ouvidos avessos a vocabulários ou vocábulos complicados ela teria soado como algo tipo "ah, sim, coisa de viado!"... fora esses percalços que ele definia como (sic) "incidentes de percurso", no mais das vezes ele era tido e havido como um cara muito educado, amigo dos amigos. "uma verdadeira moça", teria dito alguém desde que os ouvidos dele estivessem óbvia e prudentemente fora do alcance de tais palavras que poderiam ser muito mal compreendidas e gerar mais uma surra daquelas...

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