segunda-feira, 1 de março de 2010

beirando o nada

de tessalônica a maranguape, numa viagem inimaginável temporal ou geograficamente, atravessando baterias antiaéreas manobradas por péssimos artilheiros. o pelotão de infantaria era comandado por um sargento reformado que tocava sax como um demônio mas tinha muito azar nas cartas. em alguns dias da semana esse cara era meu pai, em outros era só um bêbado incoveniente jogando dinheiro fora nas rodas de carteado. truco! retruco! sei lá o resto, nunca me interessou. queria mais era roubar maçã verde do pátio da igreja perseguido pelo falsamente antipático frade capuchinho e jogar bola no campinho. qualquer campinho é maracanã quando você tem 11 anos e mora nos cafundós do interior do interior. e enquanto todo mundo queria ser pelé ou garrincha meu sonho era ser gilmar. sempre quis ser goleiro mesmo antes de ler um texto de alguém (nelson, o rodrigues?) falando da solidão do guarda-valas. coisas de guri como a mania de fingir não saber que meu pai não era mais sargento nem tinha mais seu saxofone, mas sim que ele era randolph scott acabando com todos os bandidos da região. você já foi às estrelas? não? então não vá. deixe isso para astronautas destemidos que em algum futuro remotissimamente distante poderão se chamar major tom ou até quem sabe louis armstrong. imagina, só ela, disse, louis armstrong saltando da apollo 11 sobre o solo lunar e, em vez daquele papinho furado de "um pequeno passo para um homem, mas bla bla bla bla", saísse mandado brasa em "hello, dolly"? acho que foi exatamente esse o momento em que os enfermeiros botaram a porta abaixo, precisamente dois minutos depois de ele aplicar a oitava grama de cocaína nos canos já prá lá de castigados.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

they say it's your birthday!

parabéns, beatle george! love forever! wah wah ao vivo no concert for bangladesh!

all the way down

mambo jambo tropical dancing the night away fui parar em sapopemba numas de adoniram barbosa curtindo um trem das onzes atrasado e me passei na dose de caninha braba bebida no gargalo mesmo roubada de um batuque de esquina junto com charuto barato pra fazê fumacê fumaçá típico dos meninos dourados que vivem embaixo da ponte da ipiranga com azenha que sempre lembra um lugar de são paulo ali perto do largo da batata assim como tem uma curva ali quem vai pro sumaré que quando o carro dobra parece que tu saiu de são paulo e caiu direto no partenon só faltando aparecer o luis wagner de guitarra em punho mandando bala num samba rock do bedeu puxadinho pro reggae e querendo ser alguma coisa além do convecional pois convenções como leis e regras foram feitas para serem desobedecidas, superadas, azevedas e silveiristas deixando o resto por conta das maltraídas traíras trambiqueiras da beira do cais em seus insuperáveis shortinhos de matelassê acetinado e plataformas bregalhosamente desavergonhadas pois do alto daqueles saltos poucos mais ou pouco menos de muitos e tão poucos anos de putaria vos contemplam.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

sopa de minestrone

ela era uma coisa mezzo jean seberg em acossado mezzo audrey hepburn loira. uma esfinge na mesa do bar esperando pela cavalgada final dos quatro post sripti levantando poeira pela rua principal da cidadezinha de bosta encravada no cu do sul do mundo onde não só era quente como era absurdamente insuportável. os telecotecos carnavalescos ainda ecoavam pelo ar quando se ouviu roberto carlos (ou o que seria o eco da voz de roberto vinda de algum transantlântico em cruzeiro inimaginável!) cantando que de hoje em diante eu ia modificar o meu modo de vida pois naquele instante em que ela partiu um tsunami estourou meus tímpanos já devidamente abalados por uma oportunista otite externa de verão embora eu sequer tivesse ido à praia, piscina, lagoa ou coisa que o valha. navalha na carne pra não perder a rima, enfim. até porque tudo muda o tempo todo no mundo, como já entoou sabiamente lulu santos emulando os antigos textos taoístas do i ching, com os quais aquele tal de carl gustav jung resolveu se meter deixando-nos todos enojadamente a ver navios que nem tampouco eram o transatlântico que conduzia o rei roberto e seu séquito de servidores todos carregando chapinhas para manter devidamente lisos os reais cabelos. e pronto. ou ponto.