segunda-feira, 6 de agosto de 2007

caminhando pela estrada

cran! cran! cran! de novo: cran! cran! cran! passos pesados no caminho desbordado de esquisitices. ela cantaenrolava uma canção infatuada, infantilóide.
- sha la la lala.
ouviam-se pingos de chuva grossos como marteladas no chão de terra, levantando poeira da greda vermelha.
- sha la la lala.
ninguém mais tinha tempo para olhar quem ia ou quem vinha. havia sempre que pensar em outras mesquinharias mais urgentes naqueles dias de ranger dentes e botar pra quebrar.
- um beijo, não?
que porcaria de beijo coisa nenhuma, menina. você nem sequer sabia meu nome nem estava querendo saber. e agora essa conversa desbragalada de querer beijo. nem pio queria ouvir, estava puto, muito puto, pasmado de espantalhosidade, quase imóvel emudecidamente engolindo em seco as palavras que brotavam de algum lugar entre a nuca e o peito.
- o quié qui tem demais um beijinho?
insistência tamanha não se via há muito. criança desaforada, falta de respeito com os demais ao rededor, só não te mando a mão porque vão fazer bonchinchos, chamar os porcos, camburão luzindo, e eu vou acabar de novo naquela cadeia de merda com aqueles coxos do cérebro, que não conseguem juntar sujeito verbo predicado sem que pareça conversa de doido varrido...

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