- eu estou morrendo.
ela sorriu um daqueles sorrisos "que papo é esse?".
- bom, todos nós estamos...
- é, mas eu estou morrendo mais rápido.
a trovoada veio logo em seguida. ou teria sido alguns instantes antes. de qualquer maneira, aquilo era muito mais do que uma conversa sobranceira a respeito de currículos, portifólios, imbroglios e outros assuntos que pudessem ser burocraticamente empurrados com a barriga. por mais que os dois se esforçassem por ser ambos como sempre tinham sido, isso simplesmente não era mais possível nas condições atuais. depois de 20 anos nada do que foi será do jeito que já foi um dia. a situação era desconfortável e era preciso identificar logo a rota de saída mais próxima sem incorrer em comprometimentos diversos que prejudicassem a tão desejada retomada do relacionamento. para sorte dos dois, antes que tudo assumisse ares de velório previamente anunciado, a garçonete tropeçou nos próprios pês quando vinha em direção à mesa, trazendo a bandeja com toda a tranquidanda de xícaras, açucareiro, adoçante, cinzeiro e sabe-se lá mais o quê. inútil tentar ficar sério nessas horas, ainda mais depois do soturno princípio de recomeço. e os dois começaram a rir muito como há muito tempo não faziam enquanto a gerente saía correndo detrás do balcão e a garçonete tentava se colocar novamente em pê...
sexta-feira, 3 de agosto de 2007
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