terça-feira, 25 de agosto de 2009

recycle:recompose

o texto a seguir foi feito pro jornal hora local, da galera do núcleo de música da secretaria da cultura de são leopoldo. mas vai aqui também pro povo da realidade virtual. keep on keepin' on!

tiro livre

como bem diz o título da coluna, vale qualquer coisa por aqui, o que não quer dizer que vale relaxamento e porquice. vai tudo meio assim de cambulhada, sem parágrafo, pórque, sim, eu creio que você possa atravessar essas linhas sem precisar tomar fôlego como o nadador denodado que cruza a piscina toda com apenas uma golfada de ar. diversidade é a palavra-chave e é por aí que pretendemos seguir. pra começo de conversa (que aliás era o nome de um bom programa da tve lá nos sempre festejados mas nem tão gloriosos anos 80 do século passado...) é preciso usar uma palavra complicada para explicar algo muito simples. a palavra é columbofilia. ou seja, a ciência da criação de pombos. por que isso?, estarão se perguntando, nesse exato momento, diversos leitores dessa respeitável publicação. pois digo e repito, ou melhor dizendo, escrevo e repito: columbofilia. com as pombas aprendemos senso de direção. o pombo correio jamais erra o alvo ou, no caso, o endereço. fiel e preciso como um solo de guitarra baiana, o pombo sabe exatamente aonde vai. nós aqui, pretendemos saber. e quando digo pretendemos posso estar incorrendo em um enganoso anglicismo uma vez que pretend em inglês não é pretender mas sim fingir. mas afinal, metidos a poetas que somos, podemos também alegar, citando o grande pessoa, que o poeta é tão bom fingidor que finge ser dor a dor que realmente sente. claro que invocar fernando pessoa ou qualquer um de seus heterônimos é uma covardia das mais rematadas, prova cabal de um comportamento poltrão. por isso e por muitas outras coisas, especialmente em nome da decência e da correção gramatical, vamos em frente. ou melhor, olhemos ao redor. e é essa a recomendação que este colunista faz aos seus estimados leitores. olhem ao redor, orientem-se: columbofilia. às vezes, o importante e o significativo está tão mais perto de nós que dificilmente nos damos por conta de tal fato. quero dizer que enquanto alguns procuram significados ocultos e auscultam paredes procurando novas manifestações dessa peste chamada arte é preciso ter em mente – é ter na mente – que a arte esbarra em nós a todo instante nas esquinas da cidade, nos vagões de trem, nos ônibus de janelas bem cerradas apesar dos apelos das autoridades sanitárias a respeito da gripe suína – ou a ou h1n1 ou como bem lhes aprouver. a arte está na dupla sertaneja mirim desafinada que canta e pede moedinhas no vai e vem do trensurb. assim como a arte estava na loucura internada dita (maldita) esquizofrênica dos artistas do hospício de engenho de dentro. van gogh, raul seixas, sérgio sampaio, arnaldo baptista: quanta maldade ou doença na arte desse sujeitos alguns cretinos (citando serginho dias no documentário loki – veja já!) viram para condená-los a internações. menos mal para todos nós que eles tinham almas livres e bem orientadas como os pombos embora a grande maioria de nós não tivesse a mínima idéia de onde, afinal, eles estavam tentando chegar quando – e aqui me aparece a grande e indecifrável verdade – eles não estavam tentando chegar mas sim ir além. endereço incerto e não sabido por nós mas adivinhado por eles. columbofilia!!!

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