o texto a seguir foi feito pro jornal hora local, da galera do núcleo de música da secretaria da cultura de são leopoldo. mas vai aqui também pro povo da realidade virtual. keep on keepin' on!
tiro livre
como bem diz o título da coluna, vale qualquer coisa por aqui, o que não quer dizer que vale relaxamento e porquice. vai tudo meio assim de cambulhada, sem parágrafo, pórque, sim, eu creio que você possa atravessar essas linhas sem precisar tomar fôlego como o nadador denodado que cruza a piscina toda com apenas uma golfada de ar. diversidade é a palavra-chave e é por aí que pretendemos seguir. pra começo de conversa (que aliás era o nome de um bom programa da tve lá nos sempre festejados mas nem tão gloriosos anos 80 do século passado...) é preciso usar uma palavra complicada para explicar algo muito simples. a palavra é columbofilia. ou seja, a ciência da criação de pombos. por que isso?, estarão se perguntando, nesse exato momento, diversos leitores dessa respeitável publicação. pois digo e repito, ou melhor dizendo, escrevo e repito: columbofilia. com as pombas aprendemos senso de direção. o pombo correio jamais erra o alvo ou, no caso, o endereço. fiel e preciso como um solo de guitarra baiana, o pombo sabe exatamente aonde vai. nós aqui, pretendemos saber. e quando digo pretendemos posso estar incorrendo em um enganoso anglicismo uma vez que pretend em inglês não é pretender mas sim fingir. mas afinal, metidos a poetas que somos, podemos também alegar, citando o grande pessoa, que o poeta é tão bom fingidor que finge ser dor a dor que realmente sente. claro que invocar fernando pessoa ou qualquer um de seus heterônimos é uma covardia das mais rematadas, prova cabal de um comportamento poltrão. por isso e por muitas outras coisas, especialmente em nome da decência e da correção gramatical, vamos em frente. ou melhor, olhemos ao redor. e é essa a recomendação que este colunista faz aos seus estimados leitores. olhem ao redor, orientem-se: columbofilia. às vezes, o importante e o significativo está tão mais perto de nós que dificilmente nos damos por conta de tal fato. quero dizer que enquanto alguns procuram significados ocultos e auscultam paredes procurando novas manifestações dessa peste chamada arte é preciso ter em mente – é ter na mente – que a arte esbarra em nós a todo instante nas esquinas da cidade, nos vagões de trem, nos ônibus de janelas bem cerradas apesar dos apelos das autoridades sanitárias a respeito da gripe suína – ou a ou h1n1 ou como bem lhes aprouver. a arte está na dupla sertaneja mirim desafinada que canta e pede moedinhas no vai e vem do trensurb. assim como a arte estava na loucura internada dita (maldita) esquizofrênica dos artistas do hospício de engenho de dentro. van gogh, raul seixas, sérgio sampaio, arnaldo baptista: quanta maldade ou doença na arte desse sujeitos alguns cretinos (citando serginho dias no documentário loki – veja já!) viram para condená-los a internações. menos mal para todos nós que eles tinham almas livres e bem orientadas como os pombos embora a grande maioria de nós não tivesse a mínima idéia de onde, afinal, eles estavam tentando chegar quando – e aqui me aparece a grande e indecifrável verdade – eles não estavam tentando chegar mas sim ir além. endereço incerto e não sabido por nós mas adivinhado por eles. columbofilia!!!
terça-feira, 25 de agosto de 2009
guantanamo? dachau?
via a foto na capa da zero hora e fiquei petrificado. uma imagem vale mais que mil palavras, aquela coisa toda. brigadianos submetendo sem terra a uma fila de revista e identificação, os pms com armas e cães, os sem terra humilhados (se é que é possível serem mais humilhados do que já são por conta de incontáveis desgovernos estaduais ou federais, incluindo o do senhor "não sei de nada" lula da silva, o maior engodo que esse país já engoliu...) em postura de total submissão, ajoelhados no chão, mãos na nuca, postura que não é exigida nem de assassinos frios ou estupradores quando eventualmente detidos. fiquei me perguntando, ainda meio desentendido pelo impacto da imagem: guantanamo é aqui? dachau é ali em são gabriel? às vezes a gente usa tanto algumas expressões que elas acabam perdendo o sentido, a utilidade ou mesmo o prazo de validade. mas a esbatida expressão nazi-fascismo, que muito usávamos em meus tempos de militância estudantil, parece que nunca reviveu com tanta força em minha mente ao ver aquela capa de jornal. como diz meu amigo kafu: vaza, yeda!!!
apenas um rapaz latino americano
sou fã de belchior de primeira hora, dos tempos daquele disco pela chantecler que tinha maquina, a palo seco, hora do almoço e outras tantas e lindas. agora fico sabendo que belchior está desaparecido, mistérios e sombras rondam seu paradeiro nos últimos meses. quando eu fazia o caderno 2 do estadão, lá por 1990, um dia tocou meu ramal e o porteiro disse que um senhor chamado belchior queria deixar um disco pro c2. disse ao porteiro que pedisse a belchior pra subir imediatamente até a redação. conversamos um tempão, ele me entregou o disco novo, comentei sobre o fato de ele estar um tanto sumido da mídia - jornal, rádio, televisão - e ele me contou que andava brasil a fora fazendo shows, que fazia uma média de 200 shows por ano no chamado "circuito universitário". agora nos vem essa história do sumiço do bardo... fico cogitando sobre as inúmeras possibilidades. talvez ele tenha entrado pra turma do santo daime e tenha descoberto algum ponto de luz no meio da amazônia. ou quem sabe ele se afiliou ao povo do calendário maia e está em busca de um ponto ideal para se estabelecer antes que a grande onda acabe com o mundo como nós conhecemos lá por 2012.
my brother julius
sábado passado foi noite de risadas, choro, alegria, volta por cima, festa. tudo por conta dos 15 anos dos daltons lá no abbey road de novo hamburgo, um lugar sempre em pleno astral. lá no fundo do bar, depois da melhor janta caseira do mundo que um bar pode oferecer a um bando de cowboys desperados, conversas muitas com julio reny, meu irmão de daltons e de paradas anteriores. daqueles irmãos que não a genética, mas a gente mesmo escolhe. falamos muito de muitas coisas, de feitiços, assombrações, iluminações, i ching. a luz sempre prevalece porque, e pra mim isso já é ponto pacífico há muito tempo, o universo conspira sempre a nosso favor. a escuridão, os darth vaders da existência, tudo isso se consume em si mesmo como ensinam os sábios chineses de 5 mil anos atrás. ah, sim poder cantar novamente com meu irmão william dalton também foi um dos grandes prazeres da noite. na volta pra casa, muitas outras tantas risadas e a sensação de que, mais uma vez, essa banda que é um bando, salvou nossas vidas das coisas chatas desse mundinho flat e aborrecido. keep on going, brothers. love & harmony!
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
so long, master!
hoje não tem ficção. les paul morreu. ele é o cara que inventou a guitarra mais fodona e poderosa de todas, a primeira solid body guitar, lá por 1941. quer saber mais sobre ele? confira no new york times o texto do grande jon pareles. jimmy page, slash, macca, leslie west, eric clapton, jeff beck: todos os fodões da guitarra mencionados aqui ou não, cavalgaram uma les paul. eu mesmo tive uma studio canhota depois de muita procura (thanks nei van soria!) mas tive de vender por ordens médicas porque o peso da amada estava acabando com minha coluna...
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
seres alados
quando tudo parecia perdido, irremediavelmente inútil qualquer tentativa de ser otimista, ela surgiu, dançando, numa noite daquelas em que você só sai por sair sem qualquer esperança de que algo de minimamente interessante vá acontecer. e enquanto ela dançava, ele reparou naquele corte de cabelo absolutamente contemporâneo. mandou a timidez aos infernos e puxou papo, papo bobo, meio sem jeito, daqueles que você sabe que está sendo mané e ela também. mas ela faz por outras demonstrar o maior interesse no papinho aranha. e de repente todo joguinho de conquista vira conversa gostosa, risadas demoradas, transas literalmente empapadas de suor. então você está no céu e está gostando. e decide ficar por lá até que venha a próxima ação de despejo. então é tempo de começar tudo outra vez, às vezes atrapalhadamente, noutras com discrição excessiva, até encontrar novamente uma outra sweet little angel. mas, e tem sido cada vez pior, a cada vez parece que sweet little angels são parte de uma espécie em extinção. a menos que você se contente com um similar chinês ou coreano...
domingo, 9 de agosto de 2009
premonição
claro que eu falei muita coisa que não devia ter falado nesses anos todos. esse é o problema com a palavra falada. depois que o verbo escapa não tem volta. há quem fale da dureza dos emails conduzindo a mal entendidos. mas a comunicação verbal também pode ser bastante complicada. difícil saber se a gente falou alguma merda sem querer ou se os ouvidos alheios implantaram uma merda imaginária em nosso discurso já nem sempre muito claro. enfim, desde que o ser humano aprendeu a falar parece que tudo ficou ainda mais complicado.
sábado, 8 de agosto de 2009
noé passou por aí?
40 dias e 40 noites... acho que não vai ser pra tanto. mas que já encheu isso é vero. e bene trovato. allegro ma non troppo, yes ao fundo, jon anderson cantando lindo. entrevistei quando estava no estadão, lá por 1991. papo ao telefone, ele lá na grã-bretanha e eu na paulicéia. ele, uma verdadeira moça. papo de gente educada. pior foi ter de acordar sábado de manha e ir pra redação ficar tentando conectar cabos ao telefone e ao gravador e rezar pra funcionar. visto dos dias de hoje, tudo isso parece coisa do período paleozóico. falar em chuva e coisas sensíveis, blade runner foi eleito o melhor filme de ficção numa lista de 100 mais de algum site desses por aí. rutger hauer, até ele tá bem naquele filme. a fala final: "esses momentos ficarão perdidos pra sempre como lágrimas na chuva..."
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
never seen before!
no mínimo, o máximo. desde a tal de redemocratização do país circa de 1984-85 (mais uma pegadinha aplicada a nós, pobre povo brasileiro...), o rio grande do sul nunca teve um governo tão patético quanto o dessa senhora yeda crusius. e lembre bem: tivemos pedro simon, alceu collares, antonio britto, olivio dutra e germano rigotto nessa longa estrada de desgovernos. a incapacidade política do governo dessa senhora em resolver suas questões intestinas é assombrosa. há muito tempo que a máscara caiu (nem o marido aguentou!) e negociatas e locupletações brotam às pencas dentro do atual governo gaúcho sem que nenhuma atitude prática seja tomada além de posses de empáfia e intolerância por conta da governante máxima do estado do rio grande do sul. e pior de tudo isso: nada, absolutamente nada, vai acontecer com essa gente que se empoleirou no poder por conta do tão decantado voto popular. a pouco mais de um ano do fim do mandato, essa senhora e todo seu governo vão empurrar com a barriga e com as eventuais benesses de alguns setores de imprensa bem como dos poderes judiciário e legislativo, toda a avalanche de denúncias que já rolou. depois? bom, quando acabar 2010, essa senhora vai voltar para sua confortável vidinha privada levando de lambuja uma aposentadoria polpuda por ter desgovernado o rio grande do sul durante quatro aparentemente intermináveis anos. já que o guns'n'roses nunca lançou seu chinese democracy, acho que vou pegar uma carona nessa idéia pra lançar meu próximo cd com o título de gaucha democracy...
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
excuse me while i kiss the sky
rainy day, dream away... hendrix na cabeça, tentando injetar paz no coração. compaixão com os erros alheios e encheções de saco do cotidiano. prática difícil. teorizações são muito bonitas mas nada pragmáticas. eu que sempre odiei matemática desde os anos da escola primária (sim, sou antigo, do tempo que criança ia à escola e usava tapa-pó!) até descobrir que a música que tanto amo e que me serve de terapia fulltime nada mais é que pura matemática. aliás, tem "que" demais nesse texto. papo semântico desvairado com eduardo san martin, famecos, anos 70, provavelmente chapados de alguma coisa (ainda que fosse a cachaça vagabunda do bar do maza!): o "que" estropia a frase, estrangula o texto. san martin fazia medicina na ufrgs antes de "baixar" na famecos. quatro anos de medicina. um dia, papo com o porteiro, algo tipo "pô, tô de saco cheio desse curso, só tô aqui porque meu pai insistiu." o porteiro, mais iluminado que sábio chinês, replica de primeira: "então larga, porra!". sabedoria popular, muito mais útil que noções de física quântica. também nos anos 70 (já no finzinho...), procurando uma festa de são joão num sítio em viamão, acabamos numa estrada sem saída. morador local passando e nós: "ô meu, essa estrada não tem saída?" e ele, pachorrento, fumando cigarrinho barato: "tem, sim. é só voltar..."
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
sal da terra
eu vi você toda matreira, passinho elegante tipo top model, tentando impressionar. mas não impressiona mais. nem menos. o espelho se partiu em cacos e você continuou tentando se agarrar àquela imagem ridiculamente falsa. e quando você chegou para anunciar que estava indo embora, comecei a rir, um riso interno, mudo. como se eu não conhecesse minha própria cama! como se eu nao soubesse de cor e salteado todo seu repertório de truques, trapaças, trapalhadas, transas calculadas, todos aqueles joguinhos infantojuvenis. e agora que eu já tive de você o bastante e você teve de mim o que bem entendeu, espero que o jogo tenha acabado para sempre. no more nothing pra você ou pra quem quer que a estrada coloque à minha frente. não existe emoticon que defina tudo isso por isso não leve a mal meu msn silencioso. hora de aceitar: enough is enough.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
ah, sim...
pois é, pra quem chegou agora, estou tentando voltar com o blog. até já estava achando q nem existia mais, mas fui lá fazer uma tentativa de login e colou! lembrei até da senha! agora, juro q vou tentar postar qualquer coisica uma vez por dia q seja. tá bom, tá bom. parece promessa de cachaceiro ou fumante "invertebrado" como dizia uma amiga da minha saudosa mãe... mas como tbm ja cantava a desgrenhada janis joplin, let's try just a little bit harder.
Impermanência
Impermanente é tudo. Entender a impermanência é ser permeável às idéias e ideais. Dedais se foram, ficaram dedos feridos. Dead flowers in your hair. E você acha que a paz é imprescindível para todos. E você acha que faz falta na vida de alguém. Tudo ilusão. Palavras esvoaçantes como pingos de chuva levados pelo vento. Eu e ela no mesmo quarto de hotel sem ter absolutamente nada a ver um com o outro. Ilusões do ego. Quem poderia imaginar?
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