segunda-feira, 30 de julho de 2007
o tico-tico lá...
tico-tico com hífen? sei lá. malandragem cabotina disfarçada de ares pomposos. as palavras tem cores e intensidades, tem tempos e outras musicalidades vestidas de ousadias maiores ou menores. os tenores cantam sem dó, trocadilhos improrrogáveis espiando por detrás das gargantas intumescidas. calosidades nas cordas vocais, a pífia sina maldita do tenor de maus cantares. "os britânicos, além daquele sotaque pavoroso, ainda falam baixo demais", ele disse a troco de comentário, meio assim dizendo por dizer. mas afinal de contas, não é qualquer fedelho que se acocora por trás dos mármores dos tribunais desfeito de todos os constrangimentos intestinais. sabotagem na esquina, a lua invadiu meu olho na hora da zona morta. gatos e cães não se odeiam por vontade, mas por instinto. os homens, não. cultivam ódios com refinados deslindes, sofisticados permeios. às vezes o fazem tão bem que conseguem fazer o ódio parecer admiração funesta, abjeta. daquelas que nem puxa-sacos rematados de indelével devoção servilista são capazes de realizar. macuco piou na mata, nhambu replicou tres vezes. a morena dos meus sonhos - e do meu destino - ainda está por aí. quem sabe dobrando a rua, ou mesmo cruzando a praça. pronta pra me atacar como raio da lua assassina, encravando para sempre e todo o tempo, sua imagem corriqueira no âmago do meu coração contrito. favos de mel eu nunca tive vontade de chupar, no entanto, e o digo com toda a convicção. sempre me pareceram coisas sem graça para não dizer nojentas. melhor, certamente, os meu pequenos lábios sugando os seus (dela) grandes lábios molhados ao ponto de escorrer aquele mel tão mais nectaroso e nutritivo pela minhas garganta abaixo, garganta desintumescida, de quem não é tenor mas barítono de profissão.
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